PROJETO BARRICA X

 
 
Herdade Aldeia de Cima Multi-Vintage
Um vinho “en primeur” por 50% do seu valor
 
A prática de venda de vinhos “en primeur” tem sido característica de um número reduzido de produtores de Bordéus (com vinhos também em número limitado, os “grands crus” ), que permitem a comercialização depois do vinho entrar nas barricas para estagiar (normalmente por um período que varia entre 12 e 24 meses) e antes de ser engarrafado. O preço de partida tem em conta o historial da Casa Produtora, as condições específicas dessa vindima e a opinião dos especialistas do mercado (cerca de 300 “negociants” ). Num ano muito bom, estes valores de venda “en primeur” podem representar para o comprador um importante benefício, em relação aos preços finais de mercado.
Nesta décima edição do projeto barrica, a Enoteca associou-se a uma Herdade Alentejana especializada na produção de vinhos de grande qualidade e de quantidade limitada, vinhos que já obtiveram reconhecimento nacional e internacional. Pensamos que apenas assim poderíamos ter um garante de qualidade, para apresentar um vinho diferente, um vinho que reúne lotes de diferentes anos, um vinho sem data de colheita, um Multi-Vintage. O produtor selecionado para o Projeto Barrica X é a Herdade Aldeia de Cima. 
 
 
HERDADE ALDEIA DE CIMA
Um Alentejo Diferente
 
Na Serra do Mendro, ergue-se a Herdade Aldeia de Cima - um território de 3500 hectares de montado, biodiversidade singular e vinhas geridas de forma ecologicamente sadia. Neste lugar, toda a terra é cuidada, da Serra do Mendro e de todo o território. Para além da redução de químicos é promovida a regeneração da biodiversidade, garantindo o bem-estar de quem trabalha e vive no local, honrando a herança natural e cultural. O Alentejo representa 34,2% do território nacional e abriga a maior extensão de montado do mundo - mais de um milhão de hectares. Este é o principal sistema agrossilvopastoril da Europa, formado por uma paisagem natural complexa e ancestral. O montado é equiparado, pela Conservation International , a ecossistemas como a Amazónia ou o Bornéu - um dos 36 hotspots de biodiversidade do planeta. Abriga mais de 200 espécies animais, 135 espécies de plantas e 140 ervas aromáticas. A sua heterogeneidade é um mosaico de usos: mato, pastagem, agricultura, e floresta de densidade variável. Gera produtos como cortiça, bolota, mel, medronho, vinho, queijo ou ervas medicinais. A herdade alberga também um rebanho de 1800 ovelhas de raça merino, que pastam livremente durante todo o ano, promovendo a regeneração dos solos e dos sobreiros e ajudando a prevenir incêndios. É também no montado que crescem os medronheiros - arbustos de grande porte, nativos da região mediterrânica e capazes de viver até 200 anos - e onde, de flor em flor, as abelhas recolhem o néctar e o pólen para a sua alimentação, polinizando as plantas e contribuindo para o equilíbrio dos ecossistemas. O Alentejo é também a única região do país que reúne quase todos os tipos de solo. A Herdade Aldeia de Cima é exemplo desta riqueza. Os seus solos - xistos, granitos, gabros, quartzitos - são parte do Maciço Antigo Ibérico, unidade geomorfológica mais antiga da Península. A 424 metros de altitude, no coração da Serra do Mendro (que divide o Alto do Baixo Alentejo), surge uma terra fresca e diversificada, marcada pela Falha da Vidigueira e pelas particularidades geológicas de um “horst” (um bloco de terreno elevado entre falhas geológicas).
 
SUSTENTABILIDADE
 
Na Herdade Aldeia de Cima, sustentabilidade significa um elevado respeito pela terra. Privilegiando a recuperação de todo um território, não se trata apenas de reduzir a utilização de químicos, mas da recuperação do ecossistema único da Serra do Mendro, contribuindo para preservar este património natural e cultural, reforçando a biodiversidade para as gerações vindouras e o bem estar de todos os que nela habitam e trabalham. Numa gestão agroflorestal sustentável, que prevê o lucro médio-longo prazo, o sistema agro silvo pastoral do montado de intervenção antropogénica baseia-se na presença mista de duas espécies de carvalho – o sobro (quercus suber) e o azinho (quercus rotundifólia) – fornecendo uma variedade de alimentos e habitats de vida selvagem, fundamental para a conservação dos solos, a regulação do ciclo da água, a diminuição das emissões de carbono e a conservação da biodiversidade. Os vinhos da Herdade Aldeia de Cima refletem estas mesmas práticas neste imenso mosaico ecológico, com uma viticultura de intervenção mínima, mantendo as vinhas nos primeiros anos com práticas sustentáveis e em modo de produção integrada com o objetivo de adaptá-las gradualmente até ao modo de produção biológico. É esta filosofia que fundamenta a viticultura aqui praticada, da qual depende a manutenção das vinhas, assim como o carácter dos vinhos, essencial, para a preservação de um ecossistema único com raízes no passado do qual depende o futuro da Herdade Aldeia de Cima!!
DE PAIS PARA FILHAS
 
Luisa conhece, desde pequena, a paisagem alentejana. Com o seu pai - Américo Amorim - compreendeu a importância de plantar para garantir o futuro da Herdade Aldeia de Cima e da paisagem única do Montado, de origem pré-histórica. Com o marido Francisco Rêgo e as duas filhas, pouco a pouco têm vindo a recuperar o espírito comunitário da aldeia e a arquitetura típica do Alentejo, preservando casas em taipa e tijolo e paredes caiadas e uma vivência que honra o passado e respeita a autenticidade do lugar.
 
A IDENTIDADE
 
A identidade da aldeia é profundamente enraizada em Santana do Mendro, reconhecida na Idade Média após a construção da igreja dedicada a Sant’Anna. Próxima da antiga estrada romana entre Évora e Beja, faz fronteira com a Vidigueira. A população local desenvolveu uma vida autónoma e sustentável, centrada na floresta e agricultura. O branco das paredes das casas contrasta com os verdes e terracotas do montado, inspirando também os rótulos dos vinhos. Estes receberam a distinção Gold nos European Design Awards - primeira vez para um design de gama de vinhos portugueses.
 
ADEGA BOUTIQUE
 
Na Herdade Aldeia de Cima encontramos o saber ancestral, a diversidade e a mineralidade dos solos, o carácter das castas e as texturas sedosas que a história revela. Marcada pelo encontro entre o passado e o futuro, a Adega Boutique promove uma enologia pouco interventiva, aproveitando a autenticidade de cada um dos elementos de estágio. As estruturas microporosas sem revestimento interior respeitam a natureza e permitem diversas micro-oxigenações na vinificação e estágio. Este processo contribui para a afinação e estabilidade dos vinhos favorecendo ainda a preservação da genuinidade de cada casta.
A VINHA
 
A altitude e as condições edafoclimáticas excecionais da Herdade Aldeia de Cima, associadas às temperaturas mínimas mais baixas da região, são ideais para a frescura natural, complexidade e mineralidade nos vinhos.
A herdade contém a cota mais alta da Serra do Mendro, com 424 metros, caracterizada por uma forte amplitude térmica que pode variar até 20°C num só dia, proporcionando dias longos e soalheiros e noites envoltas em nevoeiros trazidos pelos ventos frescos do Atlântico.
No perímetro de 4 quilómetros da herdade, encontramos 5 vinhas distintas com uma zonagem de 22 parcelas de dimensões variáveis - entre 0,30 a 2,90 hectares. Plantados em solos xistosos de baixa fertilidade, a diversidade das 22 parcelas oferece 36 microterroirs, destacando-se a primeira vinha plantada em patamares tradicionais de um bardo no Alentejo - a Vinha dos Alfaiates.
Começamos pela cota mais alta na Serra do Mendro com a Vinha dos Alfaiates de onde se avista o vasto horizonte e onde podemos contemplar, maravilhados, a imensidão das terras alentejanas. Depois passamos ao planalto da Aldeia de Cima, com cotas de 289 a 300 metros, onde se pretende explorar a diversidade de solos com 3 vinhas: Vinha da Família, Vinha de Sant’Anna, Vinha d’Aldeya. No sopé da serra encontramos as courelas da Cevadeira (237 metros de altitude) e da Zorreira (225 metros de altitude), vinhas não aramadas em solo pardo.
Com a intenção de manter a tipicidade da região do Alentejo que produz vinho há mais de 2000 anos, na Herdade Aldeia de Cima é promovida uma viticultura sã e sustentável. Todas as vinhas são certificadas em Modo de Produção Biológico, e enquadradas no Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo. Ainda hoje a vindima é realizada manualmente, com a dedicação e o saber das pessoas da aldeia durante o mês de Agosto.
Foram selecionadas castas indígenas e perfeitamente adaptadas à região, com um encepamento de 65% de castas tintas e de 35% de castas brancas. Na herdade encontramos maioritariamente as castas brancas Antão Vaz, Alvarinho, Arinto, Perrum e Roupeiro e as castas tintas Alicante Bouschet, Aragonês, Trincadeira, Alfrocheiro e Baga.
AS 5 VINHAS
Vinha dos Alfaiates
Começamos pela cota mais alta a 380 metros, explorando a altitude e a singularidade deste relevo acidentado, esta é a mais inusitada e inédita vinha da Herdade Aldeia de Cima. Este relevo, com 18 microterroirs naturais na serra do Mendro, atravessado pela Ribeira dos Alfaiates, inspirou um modelo único e singular no Alentejo: uma vinha plantada em patamares tradicionais, a fazer lembrar os socalcos do Douro vinhateiro, que aqui oferece uma panorâmica estonteante sobre a imensidão da paisagem que faz fronteira entre o Alto e o Baixo Alentejo.
Vinha dos Alfaiates: 12 ha
Plantação: patamares tradicionais de 1 bardo / declive de 30 a 40%
Microterroirs: 18
Altitude: 330 a 390 metros
Solos: vermelhos, castanhos e amarelos, silto-argilosos com fragmentos rochosos;
quartzo; argila; micaxisto; xistos avermelhados; xistos amarelos.
Castas: 13% Trincadeira, 25% Alicante Bouschet, 18% Antão Vaz, 12% Aragonês, 8% Baga, 24% Alfrocheiro.
 
Vinha da Família
A Vinha de Família é uma reprodução da agricultura antiga, reunindo numa parcela de cerca de 0,1 hectares junto à adega, 11 variedades regionais. Plantadas em quadrados de um metro, instaladas numa forma de condução em vaso, as videiras não aramadas, com aspeto arcaico e rastejante, estão rodeadas pelo mesmo microclima, protegendo os cachos da forte insolação de verão com o seu próprio sistema vegetativo. As parcelas policromáticas, com castas de diferentes aptidões, proporcionam um puzzle vegetal equilibrado e resiliente contra pragas e doenças, permitindo uma lavoura com tração animal e adubação mínima, à base de sementeira anual de leguminosas, e corte de erva, poda e esladroamento. Uma vinha humanizada, mediterrânica, exuberante e com mais carácter, que pretende preservar o património alentejano mais próximo da vida
espontânea, com espécies que sociabilizam entre si, tal como uma família.
Vinha da Família: 1000 m²
Plantação: vinha em vaso
Microterroirs: 1
Altitude: 325 metros
Solos: argilosos, castanhos acinzentados, espessos, com matéria orgânica; fragmentos
rochosos; quartzo; argila; rochas verdes; anfibolitos.
Castas: 9% de cada casta: Trincadeira, Alicante Bouschet, Antão Vaz, Aragonês, Castelão, Diagalves, Moreto, Perrum, Tinta Caiada, Tinta Miúda, Roupeiro.
NOTA: em 2019, a Vinha da Família, foi também usada como campo experimental com cortiça. As castas foram plantadas com espaçamento ancestral de quincôncio e introduziu-se granulado de cortiça para melhorar a estrutura, drenagem e temperatura do solo, aumentando a resiliência e ciclo de vida da planta. Com intervenção mínima, e maturação lenta e progressiva, a vindima é tardia, dando origem a produções equilibradas e uvas concentradas, frescas e ricas em compostos fenólicos.
 
Vinha d’Aldeya
É num dos vales da Serra do Mendro, onde a incidência dos ventos e a exposição solar é mais reduzida, que se desenhou a Vinha d’Aldeya. É também aqui, numa geometria contígua à Adega da Herdade Aldeia de Cima que foram colocadas as castas brancas de maior frescura e acidez, dando-lhes o habitat perfeito para o seu desenvolvimento.
Vinha d’Aldeya: 4 ha
Plantação: vinha ao alto
Microterroirs: 6
Altitude: 325 a 345 metros
Solos: argilosos, castanhos amarelados, com fragmentos rochosos; quartzo; argila.
Castas: 119% Tinta Grossa, 43% Alvarinho, 19% Antão Vaz, 7% Roupeiro, 12% Perrum.
 
Vinha de Sant’Anna
É no sopé do planalto da Aldeia de Cima que nasce a Vinha de Sant’Anna, uma homenagem sentida à aldeia de Santana e às suas gentes. Num registo de planície, envolvida pelos sobreiros jovens que marcam um legado, são erigidos 4ha num modelo de vinha tradicional com um compasso de 2,50m x 1m. Bafejada por uma exposição solar equilibrada, as tardes quentes são contrariadas pela frescura dos solos, onde pequenos ribeiros vindos da Serra do Mendro, rodeiam a parcela, criando um ecossistema rico e harmonioso.
Vinha de Sant’Anna: 4 ha
Plantação: vinha ao alto
Microterroirs: 7
Altitude: 280 a 300 metros
Solos: argilosos, castanhos acinzentados, espessos, com matéria orgânica; fragmentos rochosos; quartzo; argila; rochas
verdes; anfibolitos.
Castas: 33% Arinto, 30% Alvarinho, 13% Aragonês, 24% Trincadeira.
 
Courelas da Cevadeira
Ainda o sol está baixo e já a vinha desperta com os primeiros raios. A tripla simbiose entre geologia, casta, e clima parece-nos aqui ainda mais forte. Tudo na Cevadeira parece ter adquirido ao longo dos anos um caráter intenso de resiliência, contribuindo para o sentido de nanoterritório. Esta é uma terra geodiversa, onde encontramos muitos Alentejos e muitas paisagens, muitos sabores, muitos viveres diferentes. A enogeobiodiversidade é enorme e forma estes nanoterritórios de caraterísticas únicas, associando a geologia da meia encosta da Serra do Mendro, rica em elementos grosseiros e de fertilidade reduzida, aos fenómenos físicos de drenagem fácil e rápida da água das chuvas e às cores mais claras do solo, que permitem um aquecimento menor das camadas mais profundas.
Courelas da Cevadeira: 1,2 ha
Plantação: vinha tradicional não aramada / Cultura de Sequeiro
Microterroirs: 2
Altitude: 237 metros
Solos: solo pardo, de materiais soltos de grão médio; baixo teor argiloso; pouco estruturado; quartzo; feldspato; anfibólitos.
Castas: 85% Alfrocheiro, 15% Trincadeira.
 
UMA EQUIPA DE EXCELÊNCIA
 
A Herdade Aldeia de Cima é gerida pelo casal, Luisa Amorim e Francisco Rêgo. A par da cortiça, central no seu universo familiar, Luisa descobriu cedo que o vinho é uma das suas grandes paixões, gerindo a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, no Douro, e a Taboadella, no Dão. Desde 1994 que a Herdade Aldeia de Cima pertence à sua família e, em 2017, a decisão de reconstruir a pequena aldeia aliada à plantação de uma vinha em patamares na Serra do Mendro tornou-se num projeto de vida.
O enólogo António Cavalheiro com o apoio de Joaquim Faia na viticultura, desenha o perfil dos vinhos da Herdade Aldeia de Cima, dando especial atenção ao estudo dos micro terroirs da Serra do Mendro. Gonçalo Ramos é responsável pela atividade florestal e produção animal.
 
ENOLOGIA
António Cavalheiro
 
Licenciado em Enologia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, António Cavalheiro realizou vindimas em várias regiões vinhateiras de Portugal, incluindo o Douro, o Alentejo e o Dão, ao longo da sua formação académica. Apesar das raízes Beirãs/Durienses, desde cedo que escolheu
o Alentejo para se instalar profissionalmente. Desde 2018, ano em que teve início o projeto, integra a equipa da Herdade Aldeia de Cima, onde assume responsabilidades nas áreas de viticultura, adega e produtos gourmet.
 
HERDADE ALDEIA DE CIMA
MULTI-VINTAGE
 
Um Multi-Vintage (ou não vintage ou undated ) é feito a partir de uma mistura de lotes de diferentes anos de colheita. Esta mistura ( assemblage ) irá permitir ao enólogo ir buscar o que há de melhor em cada vindima e em cada lote, aproveitando assim os seus pontos fortes criando um vinho de qualidade
superior ao que seria possível utilizando apenas as uvas de um único ano.
O HAC Multi-Vintage, deve o seu nascimento à dedicação e empenho de um sem número de mãos da equipa de viticultura e da equipa de enologia da Herdade. À frente desta equipa o enólogo António Cavalheiro.

Este HAC Multi-Vintage é composto por 3 lotes, sendo eles:
• Aragonês tinto 2022 da Vinha de Sant’Anna
• Alicante Bouschet tinto 2023 da Vinha dos Alfaiates
• Trincadeira tinto 2024 da Vinha dos Alfaiates

 
OS ANOS VITÍCOLAS
2022 | A Aragonês na Vinha de Sant’Anna
O ano de 2022 ficará marcado na história pelos intensos períodos secos e extremamente quentes vividos antes da vindima. As uvas da Vinha de Sant’Anna foram as primeiras a ser a colhidas, o Aragonês, que com um álcool provável de 14,3%, apresentou-se extremamente são, maduro e com uma concentração que todos os enólogos almejam. Tendo em conta a pouca quantidade, típica de primeiras produções, as massas fermentaram em pequenos depósitos de cimento Nico Velo, onde posteriormente o vinho acabou por estagiar durante um longo período. Uma das características e vantagens destes elementos de estágio é, a preservação do carácter varietal, a promoção de frescura e o polimento dos taninos mais vivos. Desta forma obtivemos um vinho longevo que, na pitada certa, confere ao lote a estrutura e o carácter vincado de um grande vinho.
 
2023 | A Alicante Bouschet na Vinha dos Alfaiates
As temperaturas amenas de 2023 e a parca pluviosidade sentida na Serra do Mendro, potenciaram ciclos vegetativos mais curtos, menores produções e uma vindima muito concentrada no mês de Agosto, de modo associar profundidade sem perder frescura. Na Vinha dos Alfaiates - a mais emblemática da Aldeia de Cima por ter sido erguida em patamares na região do Alentejo – o Alicante foi a última casta a ser vindimada. A par com o Antão Vaz nos brancos, a Alicante Bouschet, na Herdade Aldeia de Cima é a casta tinta mais versátil e fundamental na base de cada lote. É necessária paciência para atingir o equilíbrio natural ao longo da maturação, entre álcool provável e acidez. A familiaridade entre esta casta e barrica é sobejamente conhecida, ainda assim esta casta estagia num Foudre novo de carvalho francês de maior volume. O formato oval e a menor superfície de madeira em contacto com o vinho, permitem a salvaguarda da fruta madura sem comprometer a frescura.
Será, portanto, a grande base do lote do Projeto Barrica.

2024 | A Trincadeira na Vinha dos Alfaiates
O ano de 2024 representou o regressar da definição das quatro estações do ano, trazendo constância e previsibilidade tão querida ao setor agrícola. Neste sentido, o período de vindima iniciou-se na última quinzena de Agosto, sendo a Trincadeira a primeira casta tinta a ser vindimada na Vinha dos Alfaiates. De difícil viticultura, esta casta, por vezes tão mal-amada, é o “sal e pimenta” deste lote. O seu lado irreverente de tanino aguçado e cor aberta, não faz jus à estrutura que apresenta em boca. Tendo em conta o seu carácter facilmente redutor, após fermentação, é conduzida para pequenas Tinajas de terracota que, com uma porosidade larga, permite um estágio relativamente rápido. A solo percecionamos território, geologia, mas é em lote que mostra que faz diferença na promoção de frescura.

 
VINDIMA, VINIFICAÇÃO E ESTÁGIO
 
O HAC Multi-Vintage é feito com vinhos de três castas de diferentes colheitas, Aragonês 2022, Alicante Bouschet 2023 e Trincadeira 2024.
A colheita das três castas foi feita manualmente e as uvas foram levadas cuidadosamente para a adega, onde a Alicante Bouschet e a Trincadeira fermentaram em inox e a Aragonês em cubas de cimento nico velo onde também estagia. O Alicante Bouschet estagia em foudres de carvalho francês
e a Trincadeira 2024 estagia em tinajas de terracota.
Em Novembro de 2025 (em data a determinar), será feita a assemblage (lote) das 3 colheitas, aqui irá ser decidido que percentagem de cada vinho integrará o lote do HAC Multi-Vintage. Quando este evento tiver lugar os sócios aderentes ao projeto, serão convidados a participar neste nascimento.
 
ORGANOLEPTICAMENTE
- o que tentaremos conseguir -
 
Os anos de experiência que António Cavalheiro tem na Herdade Aldeia de Cima e o seu conhecimento profundo dos variados micro-terroirs e o vinho aí gerado, para além do que já sabe de cada uma das castas que irão compor este vinho, permite com um grande grau de certeza dizer que este será um
tinto de cor viva, de nariz com notas a bosque, fresco e ligeiro mentolado.
Na boca esperamos que revele bastante estrutura e taninos afinados. No final deverá ter uma textura sedosa, sendo longo e elegante. Será também um vinho que evoluirá bem em garrafa, com um excelente potencial de guarda.